Blog de Farley Rocha

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Gerson


Desde que Gerson chegou à cidade, sua figura e personalidade logo tornaram-no conhecido. Porém, apesar de hoje popular, nem todas as pessoas o conhecem pessoalmente – ou não fazem ideia de quem seja. Mas a parte com quem convive o preza como amigo e camarada.

É porque Gerson está em todas: participa do futebol de salão com os rapazes (o “Canhotinha de Ouro” da seleção de 70?), diverte as moças que passeiam no Calçadão, frequenta conversas de bar, festas de rua, churrasquinhos de sábado à tarde, choppadas eletrônicas na zona rural e noitadas com cerveja e baralho na mesa da cozinha de casa. Gerson, para esta parcela que o estima, é tido como um cara solícito e, portanto, sempre solicitado – “Porque Gerson é um cara legal”, é o que diriam.

Assim, até nas manhãs de domingo, sobre as pedras da cachoeira, Gerson com sua presença quase zen-budista sugere meditações sobre o barulho das águas do rio e a composição geológica da qual se formaram as rochas. Nas noites claras do céu de verão, Gerson também acompanha risos entre violões e vinho nos luais do Morro da Canoa.

Espirituoso e carismático, Gerson é o Johnny Cash da moçada.

Embora muitos já tenham ouvido falar, há quem julgue que o Gerson não passa de uma persona inventada. Uma entidade que além do nome e das histórias que leva não possui forma, rosto ou imagem. Mas no fundo não é nada disso. Gerson só prefere ser discreto como um famoso anônimo. Porque apesar de ser parceiro pra toda hora, por algum motivo ele se sente um forasteiro de si mesmo, um anti-heroi sem lenço nem documento – “Dom Quixote invisível nas madrugadas de Espera Feliz”, diriam seus amigos.

O certo é que Gerson está longe de um exemplo que possa ser copiado; mas também não é nenhum criminoso assaltante de velhinhas. Por isso, muitos falam com ele, porque além de aventureiro e comédia, Gerson é também um cara da paz.
* * *
Aviso: Qualquer semelhança entre a crônica e a realidade não passa de uma ilusão de óptica. “Gerson” é meramente uma alegoria literária (e barata).
* * *
(Vista do Morro da Canoa - Serra do Caparaó ao fundo)

4 comentários:

Adonhiram disse...

Sou seu fã. Já tinha dito isso?

Humberto Dib disse...

Nossa, que vida a do Gerson, gostaria mesmo de ter a metade do passado que ele tem... algum dia, é claro!
Um abraço.
HD

Paulo Erenio R. Filho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Erenio R. Filho disse...

Gerson é tão puritano (moralista radical religioso) quanto ao própio Sr Gerson da esquina nº666,bem eu acho.É uma espécie de metáfora categórica à la Pink Floyd, ou suas causas são à la Syd Barrett (causa e efeito).Gerson não tem vida,tem sossego, é infinito.