Blog de Farley Rocha

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Projeto "dias BLUE JEANS" (POESIA)

Desde o ano passado venho postando uma pequena seleção de 15 poemas do meu futuro (assim espero) livro de poesia, intitulado "dias BLUE JEANS". Já havia postado alguns mas, por cargas do meu destino indisciplinado, ficaram estes últimos versos para completar a seleção que fiz.
Então, está aí a 5ª e última parte desta apresentação poética:

* * *

* * *

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clows de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(Poética – Manuel Bandeira)

* * *

Amor indiscreto

Quando o inesperado acontecer
ouviremos o eco das risadas nossas,
os vaga-lumes em festa celebrarão
nossa alegria,
até os galos cantarão em refrão,
as civilizações serão testemunhas
de nossos passos,
e assim o flerte infinito
será assistido à TV a cabo,
nossos nomes serão anunciados em palanques,
quando o inesperado acontecer
você vai ver
e será eterno.

* * *

Acampamento

A mochila
A bota
A trilha
A subida

A fogueira
A barraca
A lua
A cachaça

O violão
O cigarro
As estrelas
A vista

A montanha
O frio
O sino
Os mitos

A poesia
A canção
O casalO coração.

* * *

Utopia

Prefiro a liberdade
como a bala entre o alvo
e a arma,
como a palavra entre o pensamento
e a fala,
como o sonho
entre o sono e o despertar.

Prefiro a liberdade
como Bandeira abolindo
a prisão do verso,
como estrela cadente
cortando o universo,
como o êxtase
entre o despir e o gozar.

* * *

Quando a noite acaba


O sol já nasceu,
já desligaram os alto-falantes,
as garrafas estão vazias,
já não temos mais nenhuma bagana.
Agora são só bêbados no chão e
pensamentos de momentos em vão
de uma noite de festa,
de uma reza às substâncias entorpecentes.
Peguemos as chaves do carro,
peguemos a lucidez enquanto ainda a temos,
hoje já é domingo
vamos embora para casa
vamos sair de fininho,
sair sem dizer nada com o nada.

* * *

Vidas incandescentes

Nas ruazinhas de pedras antigas
calçadas,
nas escadinhas da antiga igreja
de São Sebastião,
nas garrafas vazias de bebidas
momentâneas,
nas guimbas de cigarro
jogadas ao chão.

A poesia das noitadas,
histórias, risadas,
o violão escancarando para o mundo
os sonhos num contemplar profundo
a boemia inocente,
os riscos, as emoções de momentos
que se passavam assim
sentimentos autênticos
cabelos longos, tênis sujos,
dias blue jeans.

Tocando fogo em pontas
entre os dedos,
era mesmo madrugando sextas e sábados
vivíamos cantando
as velhas canções...

e éramos felizes,
e éramos irmãos.

* * *

Sereno Sonho


Me escrevo como pergaminho,
a mim ensino
com quantos sonhos se faz uma vida.

Atiro-me solstício de primavera
e espero, sempre olhando,
o sol que se apaga
no mesmo lugar
revelando sonhos,
num lugarejo qualquer,
rodeado por montanhas,
chaminés e grilos,
e aguardo ostensivo
os sonhos caírem ao relento.

* * *

Imensidão

*
Basta um sorriso
em teu rosto
pra que a minha vida
se torne uma folia.

Um comentário:

N. Rodrigues disse...

Olá Farley, seja muito bem-vindo às bandas heterocéfalas do mundo virtual :)Será um prazer recebê-lo mais vezes.

Vim visitar as tais montanhas do leste, ainda que, por enquanto, seja apenas através das trilhas dos teus versos :)

1) Muito bacana o nome do seu futuro livro. Dias BLUE JEANS...

2) Trecho favorito dos poemas lidos até agora: "como estrela cadente
cortando o universo,
como o êxtase
entre o despir e o gozar.".

3) Parabéns pelo casamento! Espero que possas subir, descer e, àcima de tudo, namorar, no topo das montanhas do leste, com a pessoa que você escolheu para ser a sua musa.

Eu volto.

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Nicole