Blog de Farley Rocha

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ainda sobre o tonto do Chaves

Recebi dois emails pelos quais seus remetentes acrescentavam opiniões sobre a crônica da semana passada, “A vila”. Abaixo, reproduzo-os:

De: A.M. – “Gostei do texto, mas francamente não acho que o seriado em questão tenha tanta influência sobre a ‘identidade’ das gerações de 1980 pra cá. Aliás, nem acho tão engraçado assim aquele tipo de humor.

De: T.H. – “(...) Dizer que o programa é legalzinho, vá lá! Mas comparar Bolaños a Shakespeare é meio extravagante..
* * *
Dando corda a este cronista que pouco sabe acerca das coisas da vida, confabulemos, pois:

A.M.,

Ainda que não deixe de concordar com você, acho raro encontrar alguém que (de preferência brasileiro nato e que já tenha aprendido a falar fluentemente), não saiba pelo menos o nome de cada um dos personagens principais do seriado. O que não significa “influência” sobre as últimas gerações, mas é o fato que há uma presença forte da aura desse programa no meio de nós. A persona de suas figuras é tão massificada que a identificação chega a transformá-las em ícones pop: a cara do Seu Madruga estampando camisetas, a lenda da bola quadrada, o gatinho que a Bruxa do 71 chama carinhosamente de “Satanás!!!”.

T.H.,

Confesso que a ideia de comparar Bolaños a Shakespeare roubei de algum lugar remotamente lido durante a adolescência, e também admito o leve desconforto que a alusão deve provocar. Mas, de verdade, acho justa e pertinente.
Penso que entre os dois autores existe uma mesma linha contígua, a mesma que mantém a atualidade de suas obras: ambas trabalham com ferramentas de ficção que abordam questões humanas presentes em qualquer tempo da civilização (vide: inveja, medo, carinho, solidariedade etc.) e utilizando o humor como linguagem. A diferença – ou a unidade – entre eles é que tiveram a genialidade para criarem obras tão massificadas em épocas tão distintas: o inglês com seu teatro sofisticado; o mexicano com seu programa rústico, mas por isso mesmo comunicativo.
* * *
Quanto ao sucesso que o programa ainda faz no Brasil, continuo deixando para teatrólogos e sociólogos explicarem.

Um comentário:

Enrique Carlos Natalino disse...

Fui assistir em BH ao show do ator mexicano Edgar Vivar, do Seriado "Chaves", intérprete do Sr. Barriga e do Nhonho. Confesso que fui imediatamente transportado para a infância. É incrível a capacidade que Chaves e Chapolin têm de nos arrancar da chatice do nosso cotidiano e de nos remeter a um universo de ingenuidade mágica.