Blog de Farley Rocha

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Relato em 1ª pessoa

Por mais que teorizem sobre mim, ninguém sabe ao certo de onde venho. Uns dizem que caio do céu, outros supõem que surjo das profundezas do chão, ou do poder divino de qualquer deus que se manifesta. O fato é que acerca de mim o que todos têm como única certeza são somente o meu nome e a que vim.

Não tenho idade precisa e nem mesmo possuo uma direção constante. Apareço de longe e apenas vou seguindo o curso, contornando minhas próprias linhas tortas e, ocasionalmente, tomando para mim tudo aquilo que é meu por direito. Não por maldade, mas pura natureza.

Não é à toa que por séculos venho sendo uma prova de que barreiras são invariavelmente vencidas. Sem importar quando ou como, o esforço repetitivo, ou, como dizem, a persistência há de ultrapassar os obstáculos. Por esta lógica é que sempre fiz eu mesmo o meu caminho, modelando minha própria forma e meu destino.

Do ponto de onde inicio minha jornada desde as primeiras manhãs do mundo, rolo meu caminhar lento por lugares que nunca se repetem. E muitos dos que me veem passar nem imaginam o quanto deles, dos miseráveis aos magnatas, já sustentei e ainda sustento. Dou a vida que gero nas minhas próprias vísceras como alimento e sirvo meu caudaloso sangue para martar-lhes a sede. Mas, ainda assim, são capazes de menosprezar minha existência como se um ser inerte ou desprovido de cuidados essenciais me resumisse.

Enquanto passo e me distancio dos olhares que não me percebem, vou tomando consciência de que o descaso um dia ainda me fará desaparecer completamente, sem que eu deixe vestígio ou sinal de que um dia estive aqui.

Por isso é que rio deles, rio de mim, nesse mesmo verbo que me sobra e me desdobra o nome. Intransitivo rio que sou.

Um comentário:

byTONHO disse...



RIO
grande
do Sul!

Ah! ah! ah!

Abraço-tchê!

:o)