Há dois dias estive conversando com um amigo pela internet, amigo alías desde pequeno e quem não vejo há bastante tempo. Falando sobre música, bandas e tal ele me disse ser hoje enfim maduro em relação a essa arte. E num acesso de nostalgia sempre comum aos de trinta, ou aos deles já próximo, contou pela milésima vez, com ternura no coração e energia nas teclas, ao velho amigo daqui distante que sua trajetória musical (como apreciador) foi “ampla e paradoxalmente restrita”, (?), nas palavras dele.
Sua iniciação foi quando se tornou metaleiro aos quinze anos, punk aos dezesseis e meio, aos dezoito decidiu ser maluco de estrada, e aos vinte retornou da sua grande jornada peregrina PAZ e AMOR (de dois anos percorrendo um gigante raio de exatos 50 km) dizendo ser um “estudioso do conceito revolucionário dos Beatles com vocação para livre interpretação místico-psicodélica sobre a obra”, também nas palavras dele. Depois disse a mesma coisa a respeito do Pink Floyd, Mutantes, Tom Zé e outra meia dúzia. Assim, ele quis definir sua trajetória musical como “ampla” ao se referir às várias informações sonoras que acumulou ao longo do tempo; porém “restrita” porque nunca soube gostar de diversos gêneros ou estilos ao mesmo tempo.
Mas hoje, já distante daquela fúria ingênua adolescente e sem mais a utopia de ser um Jimmy Page das guitarras, diz que agora a música pra ele é absorvida pelos ouvidos como se seus tímpanos fossem pulmões, e que independente do ritmo que houve gosta mesmo é de música boa. A que mais se arpoxima da pureza de espírito do homem e da simplicidade da existência das coisas é a que o toca mais, ou a que ele mais toca, enfim.
Quando diz que maturidade musical é isso, naturalmente sinto que devo concordar. Não pelo que ele relembrou ou revelou durante o papo nostálgico entre dois camaradas, mas pela descrição honesta e comovente junto ao link que me enviou logo ao final da conversa:
“– Amigo, tb ouvir isto d vez em quando faz bem à saúde de qq hum!
Abçs..
A.I.”
* * *
6 comentários:
Certo... amadurecimento musical, com certeza. O gosto musical se eleva a uma percepção sonora que deixa de apenas mover os sentidos e passa a mover, também, as emoções. Pense nisso aí, meu amigo Farley: A diferença entre o gosto musical ligado aos sentidos e o gosto musical ligado às emoções, sendo que o segundo caso representa um amadurecimento em relação ao primeiro. Parabéns por mais essa bela crônica. Meu abraço.
Dois-pra-lá, dois-pra-cá. Por mais jazz que seja a maturidade, sempre vai haver um punk adolescente pronto para gritar contra a máquina. Girou e um-dois-três, girou e quatro-cinco-seis.
muito bom isso!
bom demais
bj
http://rgqueen.blogspot.com/
“estudioso do conceito revolucionário dos Beatles com vocação para livre interpretação místico-psicodélica sobre a obra”, essa frase me lembrou o Gil, quando foi "convidado" a se explicar numa delegacia, lá pelos tempos dos Doces Bárbaros.
Quanto ao amadurecimento musical, antes tarde do que nunca, até porque isso não está ligado à idade cronológica, mas a outros fatores. E como não concordar que 'música que presta' é a boa (assim redundantemente). Já eu, coitada de mim tenho um universo musical tão amplo quanto os meus sonhos...
;)
O texto é quase nada. Já a música é quase tudo.
Abraços!
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