Meu amigo de Juiz de Fora, o Luiz, diz que a distância tem uma medida que não necessita equação. Porque a amizade é feita de tempo e espaço e por isso ela se justifica por si só, na simples existência.
Deve ser assim mesmo, porque o Luiz tem dessas coisas de poeta e sempre fala que na poesia acontece igual. Mesmo que no fundo não tenha intenção de sentido, ela também se justifica, porque em si o que prevalece é sua própria experiência.
Mas ele fala também que fora da poesia tem outra experiência, a de sentimentos comuns tocarem a realidade que, por sua vez, não se justifica em si, pois depende de qualquer interferência do homem para que faça sentido. Por isso os poetas existem, para justificar a experiência da poesia na transformação da realidade em algo minimamente simples, tal como é a existência da amizade.
Meu amigo quando diz assim é porque na verdade ele está falando é da vida. Que ela é tipo uma teia cheia de conexões, que qualquer parte dela se comunica com qualquer outra parte. E por isso a matéria, o tempo, o espaço e toda a existência não passam de uma complexa organização lógica para justificar a simplicidade que é a vida. Para os poetas a vida é isso, porque sabem lidar com suas conexões e assim podem transformar o que chamamos de “verdade” ou “mistério” em algo menos drástico. Em poesia.
O Luiz entende bem dessas coisas. Acho que por isso ele decidiu ser poeta, não porque tenha escolhido o ofício de fazer poema, mas é que ele acredita que antes da razão todos nós somos inteiramente sensação e instinto. E para ele a essência da natureza do homem é como a poesia que dela provém, involuntária.
* * *
O poeta Luiz Fernando Priamo (o Mirabel) é de Juiz de Fora e recentemente publicou o livro Involuntário. Nossa amizade literária é via internet, e dessa mesma maneira ele participa como autor do prefácio para o meu livro prestes a sair. Pra saber mais sobre o poeta e sua obra, veja seu blog em: otarioinvoluntario.blogspot.com
2 comentários:
Gratidão. Essa é a palavra de ordem do comentário para o post!
É nóis!
Abraço!
Adoro o blog do Mabel. Ainda bem que você me encontrou, assim posso ler você e agora ele. Ê ventão sem porteira sô! :)
Postar um comentário