Antes a cidade seguia seu rumo cotidiano, sob o mesmo ritmo de qualquer nuvem diária andante pelo céu. O sol nas paredes. O negrume do asfalto com suas faixas escurecidas pelo pó. As buzinas e o ronco automotor. O olhar comum de todos os semblantes pelas calçadas... Sempre o mesmo após o mesmo.
E como num estalo fantástico, na manhã da segunda aparentemente qualquer, rostos estranhos são vistos percorrendo a cidade. Estranhos não por serem desconhecidos, mas por estarem pintados. As vestimentas têm cores extravagantes, assim como as formas. Vêm em bando, ou em banda (porque tocam instrumentos). E são muitos. No meio da avenida se estagnam e ali começam a fazer contato.
As pessoas passam. Param. Os curiosos fixam os olhos. As crianças sentam-se ao redor do grupo, que vai ficando pequeno em relação ao público já formando um grande círculo. Os pintados ao centro. O que eles dizem e gesticulam é engraçado. Os de volta riem. As crianças riem. E todo mundo ri. É divertido e formidável estar ali. Até o negrume do asfalto fica em tom feliz. Suas faixas também parecem vibrar. O ruído das buzinas e dos automóveis torna-se nulo. O olhar pelas calçadas já não são tão comuns como antes. São mais alegres.
É o teatro que chegou colorindo todas as ruas da cidade, todos os sorrisos e a semana inteira.
Mas o domingo veio e conduziu o grupo à partida ao finalzinho da tarde, antes que caísse a chuva (que de fato caiu) molhando os palcos pelas esquinas, e junto deles os nossos aplausos que só serão ouvidos novamente no ano que vem, quando os rostos pintados voltarem colorindo mais uma vez tudo e todos por aqui.
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Fotografias das apresentações do "IV Festival de Teatro de Rua Stênio Garcia"
- Espera Feliz-MG -
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