Blog de Farley Rocha

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Qu4rteto


A partir de hoje começo a postar por aqui uma série de poemas que intitulei de Qu4rteto. Serão pequenos volumes com quatro textos cada, e cada edição terá um eixo temático específico (pelo menos a intenção é esta), descrito por uma pequena sinopse de apresentação do assunto. Ilustrando, as minicoletâneas virão acompanhadas de desenhos em Art Fractal do DJ e designer Célio Ricardo Canibal.
Então, o tema desta estreia é o sugerido pelo subtítulo aí em baixo:

Cifras de amor

Quatro poemas românticos ou nem tanto. Na verdade, acho que falar de amor não chega a ser tarefa pesada. O difícil é falar de amor da forma que ele o é de fato, porque o sentir não quer dizer necessariamente entender. Vejo que deste último eu talvez não  chegue nem perto. Mas, mesmo assim, arrisco meus versos em Quarteto...

Rol
Do amor
ouvem-se o rufar
de plumas sobre
dunas e mais dunas
de lençol em carícia
que sacia o vazio
de tudo como
puro ritmo da lógica
de um sonhador
que se completa,
se conjuga no rol
do amor.

Gosto do desejo
olhar e medo
timidez e vontade

voz e segredos
trêmula e revelados

mãos e dedos
dadas e entrelaçados

bocas e beijos
prazeres... desejados

Bobagens
Caímos por terra hoje
não somos mais quem éramos então
todo o sentimento que havia nos engasgado
saiu como estouro de ralo.
Nossa cara é transparente
como nenhuma lâmina d’água é capaz
trazemos o passado a limpo
e no presente temos um pé nessa fossa
do que acontece agora.
Isto depois de tudo.
Depois de tudo isso
só nos resta um beijo
pra pararmos logo com isso.

Sem precedentes
sem precedentes
nos conhecemos

nos encontramos a sós
e não houve precedentes.

sem precedentes
nos conduzimos

sentimos-nos tontos
e paixão assim não tem precedentes.

sem precedentes
nos juntamos a fim

dia-a-dia na cama e café
algo aconteceu sem precedentes.

sem precedentes
nos tornamos indiferentes:

há histórias como a nossa
que terminam assim, sem precedentes.

Um comentário:

Luiz Fernando "Mirabel" disse...

A mediunidade poética nos faz dizer e escrever coisas não correspondentes às nossas realidades. Por isso dizemos, por isso o silêncio é a morte da poesia.

O amor é trabalho, suor e sangue. Diferente disso é flerte, com dor na barriga e falar gaguejando!

Muito bom o contato, sempre bem recepcionado de cá!

Grande abraço, comparsa do verso!