Blog de Farley Rocha

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Rock off Rio

Antes que o tema vire história, babemos um pouco mais sobre o Rio e seu rock “laico” edição 2011.

Como percebe, o sentido das aspas aí de cima se refere ao axé X rock X rihanna X maroon5 etc. a que se polemizou nos trending topics da web. Se o conteúdo do Rock in Rio já não faz juz ao nome que leva, é porque talvez o evento tenha naturalmente se adaptado às demandas. Roberto Medina, o empreendedor das multidões, parece seguir o raciocínio de que hoje o produto ROCK é concebido para um público que consome cultura POP, pontanto muito mais abrangente. Pra ele, o axé é a música pop mais genuinamente brasileira que temos (o que faz todo sentido).

Agora por outro viés, esta edição do festival mais do que nunca serviu de vitrine sonora principalmente para as bandas nacionais. Era como se os palcos fossem estandes de exposições musicais, nos lembrando do peso e da qualidade que (ainda) tem o rock feito no país. Os shows da Pitty, do Capital e do Skank foram exemplos ao vivo disso.

Quanto as duas mal-digeridas (por nós) versões do Rock in Rio realizadas na Europa, parece que a ponte serviu de aprimoramento para sua organização. A estrutura e o planejamento foram inéditos por aqui, muito embora a roda gigante e a Rock Street tenham dado uma aparência mais cool ao evento, deixando-o cada vez mais com menos cara dos bons e velhos festivais de antigamente.

Mas é século vinte e um e em tempos movidos à comunicação, a nastalgia pura não gera lucros. A dimensão que o Rock in Rio tomou o conduziu mesmo ao status de marca internacional, pela qual a organização, os patrocinadores e os investidores enxergaram (enxergam) uma sacada e tanto para o marketing pesado. Segundo Medina e suas pretensões visionárias, o festival foi transmitido via internet para mais de 200 países; assim, as próximas edições, no Brasil e no exterior, poderão ser um grande momento para que o mundo, numa imagem utópica e ultra-poética, pare para festejar a música como linguagem universal e unificadora (o mesmo que a Copa para o futebol).

Nada mais coerente, já que a música, se comparada, e também aliada, às redes sociais, é uma farta rede global com milhões de seguidores (um veículo mercadológico zilionário, claro).

(Aqui se encaixa o fator Ivete e Claudia Leite: sendo artistas, buscam a estrela que a visibilidade internacional do festival poderá oferecer. E elas estão certas.)

Mas o que de fato importa é que dessa edição do Rock in Rio, duas lembranças me serão recorrentes por muito tempo: os shows do Metallica, durante o qual gostaria de ter escorregado pela tirolesa no instante que tocava One, e o do Coldplay, com seus quatro soldadinhos de chumbo transformando o palco numa imensa caixinha de música toda iluminada.

Embora eu e quase 100% da população, ainda que em tempo real, os tenhamos assistido em off, no aconchego do sofá em frente à tv da sala de estar.
* * *

3 comentários:

byTONHO disse...



Grande ANÁLISE meu caro.

FARLou e disse tudo!

:o)

Mara Rubia disse...

O Rock in Rio é, como vc mesmo explicou, uma marca universal.
Sou fã de algumas bandas de rock, mas cuto axé tbm, mesmo assim, achei bem sem noção ter aquele show da Cláudia Leite - foi o q eu vi e só pq estava no Paladar heheh
E, se não estão levando a palavra "rock" a sério, já deixaram a "Rio" há muito tempo kkk

N. Rodrigues disse...

"o do Coldplay, com seus quatro soldadinhos de chumbo transformando o palco numa imensa caixinha de música toda iluminad

É isso mesmo! Já fui a dois shows deles e foi essa a impressão que tive. 4 soldadinhos de chumbo muito talentosos botando pra quebrar numa caixinha iluminada por isqueiros e iphones (risos).