Hora ou outra sempre retomo nos escritos que aqui ponho a teste um tema que, por sua natureza metalinguística, já virou lugar comum: a poesia.
E sempre que falo dela me esforço pra não parecer didático, embora falar sobre é o mesmo que descrevê-la, ainda que de forma a menos presunçosa possível. Daí, pra tentar ser “autêntico”, procuro falar não do texto enquanto arte, mas da experiência como poesia dentro e fora da escrita.
Busco definições não muito precisas em relação à substância poética, do que ela é feita ou o que a transforma em algo bonito. Tomo notas sobre a observação do olhar solitário nas janelas que tenta se conectar ao ruído de mundo acontecendo lá fora e faço garranchos em papeizinhos que tiro dos bolsos, acreditando ingenuamente estar registrando ideias as quais nem mesmo eu imagino fazerem qualquer sentido. Então, como desculpa, lembro-me que poesia, como já disseram, não precisa fazer sentido pois não necessita explicação. E sem saber o motivo certo, continuo a escrever o tema.
No fundo acho que poesia é tanto a urgência pra quem a escreve quanto pra quem a aprecia, mesmo que este último nunca tenha lido um só poema na vida. Porque ela (e aqui volto a escrever “sobre”) se manifesta no homem comum dentro de pelo menos cinco segundos no meio da sua pressa diária: quando olha o céu ou a chuva, quando ouve o pio do canário no fio do poste, quando acorda de um sonho bom... Já os poetas (rol em que não me incluo) são os alfaiates, os ferreiros, os carpinteiros e os designers da palavra, os que eternizam a forma e o cheiro desses instantes tão velozes e os oferecem como recortes de sentimentos. Ou guardam em suas caixinhas de fósforo secretas.
Pensando assim, mais pra homem comum do que pra poeta, é que registrei alguns dos cinco segundos em que a poesia se manifestou diante de mim, exercício que resultou no meu primeiro livro de poesias, Mariposas ao Redor, já quase fora do casulo e da caixinha de fósforo onde as conservei por tempo indeterminado.
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A capa está pronta:
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Meu livro virtual, ou o meu bookblog, será lançado no início de agosto (confirmarei a data nos próximos dias) e também terá versão em PDF para download. A capa, que é bem mais poética do que meu próprio livro, foi gentilmente criada pelo genial Tonho Oliveira, um ex-quase arquiteto inacabado, como ele mesmo diz. Suas gravuras podem ser vistas aqui: 6vqcoisa.blogspot.com.
6 comentários:
Que legal tudo! As suas palavras, a imagem da caixa de fósforo com as mariposinhas. Parabéns pelo projeto do livro. Nós, seus admiradores, estamos aguardando ansiosos. Abração!
"...é tanto a urgência pra quem a escreve quanto pra quem a aprecia ...
É isso mesmo.Uma boa definição menos didática.
Parabéns!
↓
"Uma graça ALcanÇADA!"
Ah! ah! ah!
Aguardo ansioso...
Ah! braços!
:o)
Bela capa,
e que venha agosto.
Gracias, meus amigos!
Que minhas mariposas voem aos quatro ventos!
A pouco descobri seu blog e tb descobri um ótimo conteúdo.
Espero pelo seu livro
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